segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ai Pai....

Pai... Que saudades.23/12/2008 02:02


Meu querido Pai.Tá quase a fazer um ano que te apagaste, que te deixaste ir. Já fez um ano, há umas horas atrás, que te vi pela última vez, ainda deste lado mas já a caminho desse... Sereno, tranquilo, feliz, por teres os teus dois filhos de cada lado.O homem-força, o homem-tudo consegue, o homem que morria como uma árvore, de pé, não conseguiu... Oh Pai, mas é mesmo assim. A vida prega-nos estas partidas. Injustas, é verdade, mas é assim mesmo. Foi muito difícil, ver-te, anteontem, há um ano. Foi dos momentos mais dolorosos para mim. A quereres viver e o corpo não te deixar. A gritares com o olhar para te tirarmos dali, que não era o teu lugar. Mas já não havia nada a fazer. A vida é tão cruel. Pai. Hoje, ou melhor, ontem, dia 22, à tarde, já estavas na tua viagem, sem dor. E foi isso que nós quizemos, eu e o Rui. Mas depois de te ir ver na 5ª, não consegui ir ter contigo na 6ª (dia 21). Desculpa por não ter tido a tua força. Tu estarias lá sempre se fosse ao contrário. Foi um dia tão difícil para mim, Pai. Acredita. A dor era tão grande, tão intensa, tão dura. Mas desculpa.Se bem que no sábado, horas antes de partires de vez, estivemos lá. E já estavas de viagem. Que saudades, Pai. Eu sei que me viste naquele momento, sentiste-nos, e sentiste a nossa dor, o nosso não. Não devias ter ido, Pai. Tinhas tanto ainda para me ensinar. Preciso ainda tanto de ti, Papá. Todos os dias. Da tua força, do teu abraço, da tua voz, do teu conselho. de ti, Pai.Mas assim teve que ser. Por mais injusto que tivesse que ser, foste. Não sabias estar sem a Mâe. Eu sei e é uma das certezas em que mais acredito. Porque apesar de tudo, fui criada com o vosso amor.Mas sinto tanto a vossa falta. De ti, Paizorro. Eras e será sempre o melhor Pai do mundo. Eu era a tua princesinha, a tua menina, a tua Joquinhas. Sinto falta da tua voz. Do teu ensinamento. Da tua palavra sábia. Da tua silenciada necessidade de ajuda. De colo, de apoio. De força. Porque a tua era a minha. Era a nossa. E a minha era a tua e nossa. Sem ti, sem a Mãe, sinto-me sem norte. Sem sul, sem nada. Apenas as lembranças. De tanta coisa. De tudo. Em cada coisa, vos vejo. Vos sinto. Quando, já doente, me dizias aí em casa e ao telefone que estavas bem... Só para me descansar. Que tonto, Pai. eu estava aqui sempre, sempre estive. Para o que desse e viesse. Tu sabe-lo tão bem quanto eu.E nunca te sintas como te sentiste naquela tarde em que fui eu a levar a Mãe para o hospital (infelizmente para não a trazer). Tu a chorares na varanda, em esforço com as canadianas, e eu a pedir-te para - como sempre - te aguentares, porque eu não me aguentava sem ti. Foste sempre a árvore, o pilar. A minha força. Tudo, Pai.Desculpa ter saído de casa, para vir para a minha, mas tinha que ser. Não sei bem para quê... Mas tinha de ser. E tu sofreste mais ainda por isso. Embora eu saiba que não me guardas qualquer rancor, desculpa, Paizinho.E quando uma semana antes de partires, chamas por mim e eu estou à tua frente e só depois de um clic é que percebes que sou mesmo eu. Querias a tua neta... (quem sabe um dia, Pai, para ti, de mim ou do Rui). E percebes finalmente, saindo do teu mundo da Alice (no país das maravilhas), que a tua/nossa Mami tinha morrido... O teu choro de criança, Pai, abraçado a mim... Era um amor tão lindo, Pai. Mas agora estão juntos. Finalmente em paz. Um com o outro.E agradeço muito por ter tido uns Pais como vocês. Que me fizeram assim, melhor ou pior, isso agora não interessa. Mas sei que fui e serei um orgulho para vós. Pelo menos, espero que sim.A lua, Pai. A tua e a da Mãe. Neste dia, nesta noite. Estão literalmente gravadas em mim. Mesmo que não fosse em tatuagem, estariam cá dentro. Como estão.As saudades é que não passam. Passou um ano, mas não passou nada. Nada. A cada dia, faltam-me. E tanto, tanto. Nunca pensei que doesse tanto esta ausência, esta solidão. Apesar do Rui, dos teus sobrinhos - que vos adoram - dos meus amigos, que hoje são família. Apesar de tudo. O meu amor por ti e pela Mãe é inatingível. Imensurável. Mas saber que estão bem, pelo menos melhor, é uma aspirina nesta dor.Ai Pai, há coisas que me lembro quase hora a hora. Outras simplesmente porque aconteceram. Com tanto amor.Sinto-me tão desamparada sem ti. Mas tento sentir que estás aí. Com a mesma força de sempre. Com o mesmo orgulho pela tua menina. Mas às vezes é difícil...Mas sei que, como ouvi no outro dia na televisão, não estão a olhar para mim, mas a olhar por mim. Disso tenho a certeza. Absoluta.Por isso é que te estou a escrever, porque sei que tás aí a ler."Vou roubar o fogo ao sol..." Vou-te roubar o fogo a ti, Pai. Sem vocês é complicado ser a João. A vossa João. A João. Mas tento. Todos os dias. E tentarei. Promessa de filha. Com a vossa ajuda. Que vos tenha aí sempre, ao alto, a olhar por mim. Estarão sempre perto de mim. Todos os dias. Um ano, Pai. E ainda falta tanto...

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